Em nosso mundo atual, nas correntes profissionais do momento, demonstra-se a tendência da busca de alta performance no campo de trabalho. Seja do empreendedor ao colaborador, ambos buscam esse ápice que pode defini-los como um profissional de ponta. Mas o que é esse profissional de alta performance? O que o difere e como se sustenta o status desse tipo de profissional?
Fazendo uma busca rápida podemos encontrar diversas versões que à primeira vista podem na verdade minimizar o que deveria ser alta performance. Alguns falam em integridade, porém isso é item básico para qualquer trabalho. Quando você busca algo além no mercado, você não quer somente os itens comuns de fábrica, você quer o diferencial. Trabalhar em equipe, ter empatia, honestidade então nem se fala. Estes conjuntos devem ser básicos desde o menor aprendiz ou estagiário.
Então antes que você saia no mercado com uma visão irreal do campo a sua volta leia um pouco mais e reflita.
Existem fatores realmente especiais que diferem um profissional e um deles é amplitude de visão. Não basta olhar para frente, mas também saber o que há dos lados. Quem olha para frente e para os lados consegue ver o futuro. Como em um jogo de xadrez, se você só foca o olhar no rei para o xeque mate, acaba sendo devorado pelas laterais.
Outro ponto importante que não pode ficar somente no nível estratégico é a inovação. Talvez seja uma palavra que tenha saído de moda diante de tantas coisas que se vendem em treinamentos como moderno e essencial. Mas o profissional seja ele de qualquer área precisa saber tocar a mesma música com instrumentos diferentes e ainda assim melhorar impressionar. Primeiro é saber trabalhar com o que tem fazendo seu melhor. Segundo é usar do que tem para transcender o primeiro passo. É como primeiro sobreviver para depois prosperar. Em um nível operacional é pegar aquele relatório que levava 4 horas para ser feito e transformar em algo que se auto produza com alimentação de dados ou que se finalize em 20 minutos. Em um nível estratégico é sair da zona de segurança para ir às fronteiras da genialidade, seja no campo econômico da empresa e seus recursos ou na criação de produtos ou serviços inovadores.
Confunde-se muito o profissional de alta performance com a quantidade de tempo que suporta trabalhando e quantidade de trabalho que pode processar com capacidade de foco. Todos esses quesitos já falharam em diversos lugares do mundo que agora caminham na direção contrária.
Tempo, quantidade e foco tem feito fila nos consultórios de terapia para aplacar o stress, ansiedade, crises de pânico, burnout e outras psicopatologias.
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Toda máquina que se leva aos limites, buscando performance, ou você dá a devida manutenção nela ou ela vai quebrar cedo ou tarde de forma catastrófica. Com o corpo humano não acontece diferente.
No quesito de quanto tempo podemos ficar trabalhando, muitas empresas instigam competição interna, onde os trabalhadores acabam, também pela quantidade de trabalho, cumprindo muitas horas buscando pertencer ao sucesso da empresa visando promoção. Sabemos que o profissional habilidoso desenvolve formas de fazer seu trabalho mais rápido e de forma eficaz. Alguns com idéia conversadora ainda dizem que esta é a característica do preguiçoso. Penso que alguém consegue entregar o mesmo relatório, o mesmo produto, que levava 4 horas em 30 minutos, ele não é preguiçoso, é um gênio, um inovador. Ele vai ter três horas e meia disponíveis para outras tarefas onde pode aplicar sua genialidade em vez de passar 4 horas gastando energia elétrica, internet, equipamentos e muito cafezinho para fazer pose de profissional de alta performance focado.
E aí temos outra palavra que nos leva a pensar. O foco!
Sim, o foco é importante em qualquer atividade, seja na reunião de trabalho ou na produção, o foco não pode faltar. A falta de foco já é considerada por muitos como um distúrbio ou uma disfunção que lhe caracteriza em certas psicopatologias. Particularmente costumo dizer que este déficit de atenção é somente para algo estabelecido ou necessário no momento e não para o que se realmente deseja no íntimo da consciência, ou podemos dizer, o foco da consciência existe, porém não está naquele lugar requerido no momento.
Neste ponto a neurociência nos ajuda muito a compreender o funcionamento não só do cérebro, mas da mente. Não importa se você é monista ou dualista, entendemos que estamos falando de algo que parece hardware e software. Somos um equipamento com diversos sistemas funcionando em conjunto, alguns inconscientemente e outros de forma consciente.
Quando focamos em algo nosso cortex pré frontal está todo naquela tarefa, enquanto sua respiração acontece, o coração bate, a digestão processa o alimento, etc. Mas apesar do desejo de ficar focado no aqui e agora, somos oscilantes. A mente não tem muita noção de ordem no passado, presente e futuro quando se trata de conter pensamentos invasivos que nos tiram o foco.
Por isso que enquanto você está organizando aquela planilha eletrônica para um relatório repentinamente é invadido por uma sensação fisiológica como um aperto no peito, que remete ao sentimento de tristeza e a lembrança de uma discussão no café da manhã naquele dia. Veja que a era dos “problemas particulares ficam em casa” acabou faz tempo.
Podemos compreender o ser humano como uma entidade integral em diversos aspectos. Mas você sempre vai poder trazer seu foco ao objetivo principal, mesmo sentindo as repercussões, porém o rendimento ou a performance nunca vai ser a mesma pois estará gastando mais energia para manter-se e nosso cérebro odeia gastar energia, ele foi feito para poupar.
Muitas pessoas atualmente fazem discursos em favor de foco total e dedicação na vida profissional, seja como colaborador ou empreendedor, com o objetivo de sucesso. Quando falo de sucesso, neste tema comentado, na maioria dos casos é lucro financeiro, dinheiro, crescimento financeiro notório exposto em carros modernos, casas ou apartamentos sofisticados e viagens caras.
Para tudo pagamos um preço. O seu foco, esforço, dedicação, determinação ou como queira chamar esta pulsão de busca vai cobrar a parcela de energia. Ou você vai consumir-se ou vai ter que repor de alguma forma. Alguns na busca por mais energia para alimentar essa determinação recorrem a drogas ilícitas ou remédios conhecidos como a Ritalina sem a devida prescrição.
Então aqui vem o ponto mais importante de nossa discussão. Como mediar essa situação? Se nossa mente sobrecarrega seja com trabalho ou interações de conteúdos de memórias emocionais ou traumáticas como podemos dar manutenção a este sistema?
Como disse anteriormente, nosso cérebro gosta de economizar energia, isso é um mecanismo que vem dos antepassados visando a sobrevivência. Sabendo disso entendemos que o foco ou atenção a qualquer tarefa é gasto de energia, sua consciência está lançando sua luz sobre algo exigindo seus sentidos e cognição.
Desta forma entendemos que em qualquer tarefa, caso você exija de foco da sua mente e cérebro por muito tempo, logo seu cérebro que é uma máquina auto regulada vai trair sua mente, levando para a inconsciência do momento, em memórias sejam elas boas ou ruins, ou então vai pesar em seu corpo gerando cansaço sinalizando necessidade de descanso.
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Nosso sistema é tão direcionado para a economia de energia que as tarefas mais simples ficam na faixa inconsciente para que o cérebro não precise elaborar cada passo. Por exemplo: Quando você aprendeu a dirigir era mais difícil e estressante pois todos os seus movimentos eram conscientes, depois de um tempo os movimentos de comando da direção ficaram automáticos com a ajuda da memória muscular e você relaxou na sua direção aproveitando o vento e a música no rádio.
Então que tal ajustar a máquina dando a ela o que ela quer? Cuidado, carinho, momentos de relaxamento do foco. Quantas vezes você já se viu tentando resolver uma questão no trabalho, em um projeto e por horas não conseguiu com todo seu foco. Repentinamente saiu, tomou água, foi a um jardim, assistiu um vídeo engraçado, depois quando voltou resolveu o problema em 3 minutos, a solução estava na sua frente e você não via.
O foco contrai tanto a visão mental, sua criatividade e plasticidade na imaginação que seu olhar torna-se um funil para um ponto. Quando sua mente relaxa ela se abre permitindo todas as percepções funcionarem sem restrição então ela se expande podendo ver cenários diferentes para uma mesma coisa.
Por isso, salas fechadas, postos de trabalho em ilhas onde só se pode ver o computador, uso de uniformes obrigatório todos os dias da semana estressam o indivíduo e estreitam sua capacidade de pensar e se expressar. Às vezes trabalhamos imitando os animais de abatedouro, com a cabeça presa a uma direção para manter o famigerado foco. Então quando a liderança pede aos colaboradores uma ideia genial e ela não vem, este líder não entende o porquê pois estão todos tão focados.
Fisicamente ambientes abertos, áreas humanizadas no cafezinho, no refeitório, jardins, plantas, cores e aromas, podem ser planos para permitir a pressão do foco sair e liberar o potencial do profissional de forma simples, natural e econômica.
Já para a mente a hipnose tem estratégias muito interessantes para liberar os potenciais e relaxar a mente quando necessário.
Quanto estamos conscientes em vigília nossas ondas cerebrais funcionam em uma escala chamada Beta, que pode ser de um estado de ansiedade em uma frequência 20 Hz (Hertz) até a alta atividade mental em 15 Hz. Quando relaxamos ficamos entre uma frequência de 8 Hz a 12 Hz chamada Alfa, podemos ter pensamentos abstratos e estimulamos nosso sistema imunológico. Quando vamos para o estado hipnótico conseguimos chegar a frequência de ondas Theta de 4 Hz a 8 Hz, semelhante ao sono no momento dos sonhos, a criatividade e até a intuição. O córtex pré-frontal desacelera a atividade e o corpo libera acetilcolina incentivando a regulação da memória, aprendizado, sono e geração de imagens mentais.
Quando o corpo e a mente ficam em estado Theta por 5 minutos parece que descansou por 30 minutos. Por 10 ou 15 minutos o indivíduo tem a sensação que descansou ou dormiu por uma hora ou duas, segundo os relatos da percepção que recebo em atendimentos clínicos em sessões de hipnose.
Treinamos muito as pessoas para ter foco e desempenhar uma função profissional, mas não ensinamos a relaxar para que a função seja bem desempenhada. Existem muitas técnicas de relaxamento e auto hipnose que podem ser aplicadas para criar bem estar em atividades esportivas, em casa ou na empresa. No caso da hipnose ou auto hipnose o mais interessante é que você pode ainda em estado hipnótico aproveitar este momento para dar ordens de programação mental para romper crenças limitantes ou se condicionar a após este estado aí sim então ter mais foco.
Podemos perceber então que o sucesso e a performance vem de um conjunto de boas práticas pessoais e não são somente a quantidade de horas trabalhadas, tempo debruçado encima de um problema, persistência ou coisa do tipo. Cada um pode regular a quantidade de tempo que se dá para trabalho, relaxamento e estudo de modo a criar um ambiente saudável para que a mente se expanda em vez de se contrair.
Se você cria esses espaços para si mesmo então pode dar adeus a ansiedade, ao burnout e o stress de forma geral. Vai criar com mais rapidez, as idéias virão com mais facilidade e de forma mais fluida, o trabalho será mais prazeroso e quando você tiver sucesso não vai gastar todo seu dinheiro tentando reaver a saúde que tinha antes.
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
A liderança inteligente nas empresas, sejam elas pequenas ou de grande porte, podem cultivar esse bem estar dos colaboradores de modo a mantê-los como um patrimônio intelectual e não uma peça que se quebra e pode trocar por outra. Ter alguém que agrega conhecimento relacionado à experiência, qualidade e retorno financeiro não é fácil no mercado, principalmente se este indivíduo já conhece a personalidade de seu produto ou serviço. Se você é um líder inteligente não está aí para fazer teste de tentativa e erro com inúmeros colaboradores só porque o mercado tem uma fila de espera para contratação. Se nem você acha que seu produto ou serviço é um investimento importante para ser bem cuidado pelos seus, com certeza nem seus cliente vão achar isso do que você vende.
Então caro leitor, como dizia o grande Einstein, uma mente que se abre para uma ideia nunca volta ao seu estado original, ela continua se expandindo. Foco é pensar na caixa, saia dela olhe para os lados, respire e quando ver estará pensando fora dela porém ainda sabendo dirigir seu foco com verdadeira alta performance.
Saúde e Sucesso!
Anderson Gomes
Parapsicólogo especializado em Hipnose Clínica, Pós- Graduado em Neurociência e Física da Consciência.
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